Polícia Civil concluiu inquérito nesta quinta-feira. Vítima, que também fazia parte da seccional regional da Ordem, reclama da falta de apoio da entidade.
Conselheiro da Ordem dos Advogados de Sergipe (OAB-SE), o advogado Ricardo Almeida foi indiciado pela Polícia Civil nesta quinta-feira pelo crime de estupro contra uma colega de profissão. A vítima, Bruna Hollanda, também integrava a seccional regional da Ordem, mas deixou o posto após denunciar o caso e queixar-se de falta de apoio por parte da entidade. A defesa do indiciado nega as acusações.
Bruna narra ter sido agredida no fim de janeiro, após um bloco de pré-carnaval. Segundo a advogada, Almeida ofereceu uma carona depois do evento, mas desviou o caminho para sua própria casa, alegando que precisava tomar banho. Ela afirma que confiava no advogado pois mantinham uma relação amigável e, por isso, não estranhou a mudança de trajeto.
Já na casa do colega, porém, ele teria "mudado totalmente" de
comportamento, passando a agredir a advogada. Em seguida, conta Bruna, ele a
estuprou.
Eu não acreditava no que estava presenciando. Diversas vezes eu pedi para ele parar disse a advogada ao GLOBO.
De acordo com a Secretaria de Segurança Pública do estado, o inquérito
aberto no Departamento de Atendimento aos Grupos Vulneráveis (DAGV) corroborou
o relato da vítima e foi concluído com o indiciamento de Almeida. Contudo, o
advogado Guilherme Maluf, que representa o conselheiro da OAB, contesta a
versão de Bruna e sustenta que encontrou diversas contradições no depoimento
dela.
Estou muito convencido (da inocência de Almeida) frisou.
Maluf preferiu não detalhar a versão do cliente e reclamou do fato de o sigilo do inquérito não ter sido respeitado. Ele conversou com O GLOBO antes do indiciamento de Almeida pela Polícia Civil. Procurado novamente, ainda não retornou os contatos.
Denúncia e renúncia
Bruna Hollanda atuava como conselheira da OAB-SE desde 2022, quando foi eleita para o posto. Em postagem na qual denunciou o caso e anunciou a renúncia, ela diz, em vídeo, que se sentiu “absolutamente desamparada e humilhada pela gestão conduzida por vossa excelência”, em referência ao atual presidente da seccional, Danniel Alves Costa. Segundo a advogada, Costa e Almeida são amigos íntimos, o que teria feito o presidente da OAB-SE agir com parcialidade diante das acusações.
"Na conversa que tivemos no gabinete da presidência da OAB-SE,
confesso que senti frieza, cálculo, pendor de vossa excelência. Percebi que não
estava diante do presidente da OAB, e sim do sócio e amigo do meu
abusador", reforçou Hollanda na carta-renúncia.
A OAB-SE, por sua vez, argumenta, por nota, que logo após ser
apresentada a representação da advogada, foi “declarada espontaneamente a
suspeição" do presidente e da vice-presidente, e que o processo passou a
ser conduzido pelo secretário-geral da seccional. De acordo com a entidade, o
responsável pela apuração “tomou todas as providências de forma imparcial,
célere e efetiva”.
A seccional sergipana da OAB declarou também que seu presidente não demonstrou
postura favorável a nenhuma das partes. Alves Costa teria ainda, segundo essa
versão, feito quase 40 contatos com a advogada para prestar acolhimento. A
OAB-SE informa que Almeida foi afastado do posto de conselheiro em 19 de
fevereiro, primeiro dia útil após a apresentação da denúncia, no dia 16 do
mesmo mês.
“A OAB-SE tomou todas as providências que estavam ao seu alcance:
instaurou o processo ético-disciplinar, afastou o advogado das suas funções e
disponibilizou todo o acolhimento à vítima”, acrescenta a nota. "A OAB
Sergipe compreende e se solidariza plenamente com a dor e com o difícil momento
que a colega advogada está vivenciando, sendo certo que nada que a Ordem venha
a fazer será capaz de cicatrizar esse sentimento", conclui a entidade.
*estagiária sob supervisão de Luã Marinatto
Fonte:https://oglobo.globo.com/brasil/noticia/2024/03/21/conselheiro-da-oab-do-sergipe-e-indiciado-pelo-estupro-de-colega-advogada.ghtml
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