Depoimento do ex-ministro da Saúde está marcado para 10h. Seu sucessor, Eduardo Pazuello, teve oitiva adiada para 19 de maio
Ex-ministro Nelson Teich terá de explicar à comissão porque ficou menos de um mês no cargo
A CPI da Covid ouve nesta quarta-feira (4), a partir das 10h, o ex-ministro da Saúde Nelson Teich, que assumiu em abril de 2020 no lugar de Luiz Henrique Mandetta, ouvido pela comissão nesta terça-feira (3). O depoimento de Teich, que também seria na terça, foi adiado porque a sessão de Mandetta se alongou mais do que o previsto. O ex-ministro foi ouvido por mais de 7 horas.
A CPI deve questionar Teich porque ele ficou menos de um mês na pasta, dando lugar a Eduardo Pazuello. De acordo com o que foi divulgado na época, Teich não suportou ser obrigado a mudar o protocolo do Ministério da Saúde a favor do uso da cloroquina mesmo em pacientes de covid em estado leve. Pazuello, por sua vez, fez isso logo após ser empossado.
Pazuello, que seria ouvido nesta quarta (5), teve o depoimento adiado para 19 de maio. O ex-ministro alegou ter tido contato com pacientes de covid-19 e pediu ser ouvido virtualmente ou comparecer presencialmente à sessão após cumprir o período de isolamento. Os membros da CPI votaram por manter o depoimento presencial no dia 19.
Para esta quinta-feira, estão previstos os depoimentos do atual ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, e do presidente da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), Antônio Barra Torres.
Depoimento de Mandetta
Em seu depoimento, Luiz Henrique Mandetta disse que houve uma tentativa do governo de mudar a bula da cloroquina para apresentá-la como tratamento da covid. "Eu imagino que, fora do Ministério da Saúde, ele (o presidente Jair Bolsonaro) conseguiu alguns aconselhamentos que os pautavam na pandemia." Mas o ex-ministro disse não saber de quem foi essa ideia. O pedido, contudo, foi negado pelo presidente da Anvisa, Antonio Barra Torres.
Mandetta disse que, por trás de médicos que defendem tratamentos com remédios sem eficácia, há grandes interesses comerciais. Ele afirmou que há profissionais que atendem virtualmente 50 pessoas por dias e ganham dinheiro com isso. "Tem que ter muito cuidado, a gente está lidando com a boa-fé das pessoas."
Ao falar sobre as medidas do governo para reduzir a transmissão da covid no país, Mandetta afirmou que sempre foram implementadas com atraso, sobretudo determinações de quarentena e lockdown. “Em relação a lockdown, o Brasil não fez nenhum lockdown. O Brasil implementou medidas depois do leite derramado, depois que a gente diz: ‘Vai entrar em colapso o sistema de saúde’. Então fecha. ‘Vai acabar o remédio.’ Então fecha”, disse o ex-ministro. “A gente foi sempre um passo atrás desse vírus.”
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