Um em cada quatro presídios brasileiros possuem dois presos por vaga
Fonte: http://www.cartacapital.com.br/
A população prisional brasileira cresce em ritmo acelerado e
segue alocada em condições precárias, apesar dos recentes investimentos
bilionários do governo. Os dados são do novo relatório do Sistema
Integrado de Informações Penitenciárias, o Infopen, divulgados pelo Ministério
da Justiça nesta terça-feira 23.
O documento, que reúne dados até junho de 2014, revela um
crescimento de 161% no total de presos desde 2000. Com isso, o número de presos
no Brasil alcançou 607.731 pessoas, contingente que dá ao Brasil o
quarto lugar no ranking das maiores populações prisionais do mundo - perdendo
apenas para Estados Unidos, China e Rússia. Em março,Carta
Capital mostrou que, nos últimos 15 anos, o Brasil
é o segundo país que mais prendeu pessoas.
Embora o ritmo de crescimento do número de presos no Brasil
seja constante, a explosão de pessoas encarceradas se
deu a partir de 2002, quando o País tinha 239 mil presos, ou seja, 60% a
menos do que possui hoje. Atualmente, o País registra um crescimento de 7%
ao ano no número de prisões.
Além de possuir mais presos, as condições do sistema
prisional seguem degradantes, aponta o relatório. Em 2014, o Brasil possuía um
déficit de 231 mil vagas. Isso significa dizer que os presídios brasileiros
vivem em uma condição de superlotação, com 1,6 presos por vaga. A
situação é especialmente grave em um quarto das prisões, onde existem mais
de dois presos por vaga.
Na tentativa de apresentar uma solução para a superlotação
dos presídios, o relatório afirma que o governo federal fez
um investimento recorde de mais de 1,1 bilhão de reais na construção
de novas vagas. No entanto, esta medida é insuficiente porque ataca apenas uma
face do problema.
Segundo o texto, assinado pelo diretor-geral do
Departamento Penitenciário Nacional (Depen), Renato de Vitto, "é
preciso analisar a 'qualidade' das prisões efetuadas e o perfil das
pessoas que têm sido encarceradas, para que seja
possível problematizar a 'porta de entrada' e as práticas de gestão
dos serviços penais, desde a baixa aplicação de medidas cautelares e de
alternativas penais até a organização das diversas rotinas
do cotidiano das unidades prisionais".
As sugestões do diretor-geral do Depen vão ao encontro às
políticas empregadas por Estados Unidos, Rússia e China - os três líderes em
encarceramento no mundo -, que, ao contrário do Brasil, vêm conseguindo reduzir
sua população carcerária em até 24% entre 2008 e 2014, aponta o relatório.
A urgência do País em reduzir o número de presos fica mais
clara com as projeções do relatório. De acordo com o texto, se o ritmo de
encarceramento for mantido, o Brasil terá cerca de 1 milhão de presos em 2022.
Em 2075, o número chegará a uma em cada dez pessoas, estima o estudo.
Outra informação que chama a atenção no relatório é o alto
número de presos provisórios, ou seja, aqueles que aguardam presos o julgamento
da Justiça. Atualmente, quatro em cada dez presos brasileiros são provisórios.
Além disso, muitos deles não ficam em presídios separados daqueles que já foram
julgados culpados. Segundo o Infopen, apesar de metade das unidades serem
destinadas a presos provisórios, 84% delas também abrigam condenados.
Perfil
A prevalência de baixa escolaridade segue uma constante entre
os presos, o que indica que esta população já era vulnerável ou marginalizada
antes de serem presas. O estudo aponta que dois em cada três detentos são
negros, e metade da população prisional não frequentou ou possui ensino
fundamental incompleto. Além disso, cerca de 56% deles são jovens, com 18 a 29
anos.
Em relação ao tipo de crimes, 14% dos presos cometeram
homicídio, 21% roubo e 27% estavam envolvidos
com o tráfico de drogas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário