Renan Calheiros chamou o ministro da Justiça de 'chefete de polícia' e magistrado de 'juizeco'. Carmen Lúcia exigiu respeito ao Judiciário
Jonas Pereira / Agência Senado e José Cruz / Agência Brasil
Motivo de revolta para Calheiros, a atuação da Justiça foi defendida pela presidente do STF
A prisão, na sexta-feira 21, de quatro policiais legislativos no âmbito da Operação Métis deu início a uma crise entre os Três Poderes. A detenção dos agentes, acusados de tentarem barrar as investigações da Lava Jato ao realizarem varreduras para detectar possíveis grampos telefônicos em imóveis ligados a quatro senadores, foi respondida de forma dura por Renan Calheiros, que atribuiu à Polícia Federal o uso de métodos fascistas. Em resposta velada, Cármem Lúcia, presidente do STF, exigiu respeito ao Judiciário.
Na segunda-feira 24, Calheiros atacou o juiz Valisney Souza de Oliveira, responsável por autorizar a prisão dos agentes. "Um juizeco de primeira instância não pode, a qualquer momento, atentar contra um poder." O presidente do Senado criou constrangimentos também ao governo de seu correligionário Michel Temer, ao criticar a atuação de Alexandre de Moraes, ministro da Justiça.
"É lamentável que isso aconteça num espetáculo inusitado, que nem a ditadura militar o fez, com a participação do ministro do governo federal que não tem se portado como um ministro de Estado. No máximo, tem se portado como um ministro circunstancial de governo, chefete de polícia."
Em sessão do Conselho Nacional de Justiça desta terça-feira 24, Cármen Lucia exigiu respeito ao Judiciário e disse que sente agredida com ataques a outros magistrados. "Não é admissível aqui, fora dos autos, que qualquer juiz seja diminuído ou desmoralizado. Como eu disse, onde um juiz for destratado, eu também sou."
De acordo com a PF, aparelhos de varredura de grampos foram usados pela Polícia Legislativa em seis imóveis ligados aos senadores e ex-senadores Fernando Collor (PTC), Gleisi Hoffmann (PT), Lobão Filho (PMDB) e José Sarney (PMDB), com o suposto objetivo de barrar as investigações da Lava Jato.
No sábado 22, Temer reuniu-se com Moraes para discutir a Operação Métis. Não é a primeira vez que o ministro da Justiça é questionado por suas ações à frente da pasta. Em uma agenda eleitoral em Ribeirão Preto, Moraes antecipou a realização de uma nova etapa da Lava Jato, que resultou na prisão do ex-ministro Antonio Palocci, do PT. Ele foi chamado a prestar esclarecimentos a Temer sobre suas declarações.
Fonte: http://www.cartacapital.com.br/
Nenhum comentário:
Postar um comentário