Tem jeito não!
Quando acho que as coisas andam um pouco mais tranquilas para o meu lado vem o destino e me surpreende com ações que a gente imagina não existir mais na administração pública moderna.
O Comandante Geral da Polícia Militar, Marcony Cabral, em diversas oportunidades e algumas reuniões realizadas com representantes da categoria, sempre se gabou ao alegar não perseguir nenhum presidente de associação de classe. Realmente, passados mais de três anos de sua gestão à frente da PMSE, não tínhamos tomado conhecimento de nada que o desabonasse nesse sentido.
Porém, no dia de ontem, circulou em vários grupos de whatsapp a foto abaixo. Não sabemos quem a postou. Porém o “documento” apresenta, pela forma que foi elaborada, verossimilhança com intimação para ser ouvido em Inquérito Policial Militar.
Bem, não queremos acreditar que tal documento seja verdadeiro. Até por que não fui molestado, ainda, por nenhum encarregado de IPM. Enquanto não for notificado, continuarei acreditando, com desconfianças, que tal documento seja falso.
Mas, e se for verdadeiro?
Se for verdadeiro, faz parte da velha tática. A mesmíssima utilizada por todos os ex-comandantes gerais da Polícia Militar - a mando do governador ou para agradá-lo - desde o ano de 2009, ano marco do tolerância zero: perseguir lideranças da categoria para calar as denúncias realizadas sendo que tais denúncia buscam, de forma clara, o bem estar do policial militar e do bombeiro, a valorização da categoria e o bem-estar de toda a sociedade sergipana.
Meus amigos, mais uma vez: se a intimação para ser ouvido no tal IPM for verdadeira, qual crime eu cometi? Qual?
1.Denunciar as péssimas instalações físicas dos quartéis da Polícia Militar que estão caindo aos pedaços?Muitos desses prédios condenados pela Defesa Civil, Conselho de Engenharia, Vigilância Sanitária e não se vê movimentação nenhuma para resolver esta situação que põe em risco a vida e a integridade física do policial militar.
2. Mostrar à sociedade que nós, militares estaduais, já estamos há mais de seis anos sem a reposição da inflação? Enquanto isso, o comandante recebe um alto cargo comissionado para manter a tropa sob controle.
3. Indignar-se e colocar para fora a revolta que está no peito de cada policial militar ao receber míseros 8 reais para proceder a sua alimentação?
4. Expor que nossos militares veteranos foram abandonados pelo seu comandante na questão das perdas relativas ao subsídio, sendo a presença de Marcony - de agora em diante - chamada á ordem pelo governador do Estado? Lembrando que o pai do comandante é militar da reserva.
O que me deixa mais indignado é o fato de eu já ter cruzado com o coronel Marcony, por diversas vezes, nas reuniões de caráter reivindicatório que são realizadas e o mesmo nunca ter me questionado sobre eventuais IPMs, sindicâncias e outros parangolés. Quero acreditar, mais uma vez desconfiando, que tais apurações não existam.
Se existirem, por que Marcony não olha nos meus olhos e diz: “Vieira, abri um IPM contra você, compareça tal dia e tal hora na Corregedoria”. Seria mais fácil e pouparia tempo para um eventual encarregado de pretensa apuração.
Inclusive, na última reunião realizada com o governador Belivaldo Chagas e as associações da categoria na SEPLAG, Marcony, de forma afobada, me retirou da presença dos demais colegas e disse que o governador não queria minha presença nesta reunião. O motivo: todos devem saber o porquê. Visando eventual prejuízo de não realização de tal reunião, de forma respeitosa, cedi. Mas, todos sabem, que meu perfil é de luta e não me acovardarei em defender aquilo que acredito e seja justo.
Ao invés de resolver os problemas da Polícia Militar, o comando usa sua tropa para reforçar segurança bancária. Isso mesmo! Vejam Abaixo:
Sabemos que os maiores lucradores desse país são os banqueiros. A Polícia Militar de Sergipe agora incrementa esse lucro ao dispor seu efetivo, que poderia estar cuidando de pessoas, para cuidar de patrimônio da parcela mais rica da sociedade e que tem condições de provir de segurança privada e seguro contra roubo.
Tomamos conhecimento também da nova inovação de Marcony no sentido de dispor o número do CPF do policial militar em marca d’água no Boletim Geral Ostensivo. Realmente, uma tremenda falta do que fazer e uma invasão da privacidade do policial militar.
Imagine a cena:
1. Um policial militar ao imprimir o BGO pode ser vítima de um estelionatário, oriundo do público interno ou externo, que se apropria desse BGO e de posse do número do CPF do militar monta uma falsa identidade e abre conta em banco, realiza empréstimos e etc.
2. Um militar se apropria do BGO impresso por um terceiro, e esse BGO “vaza” para a imprensa ou alguma autoridade, servindo de material originário de alguma denúncia. Quem vai sentar no banco dos réus?
3 - Militar da reserva, que não tem acesso ao BGO via net, comparece ao quartel de sua cidade do interior para requerer uma cópia do BGO. O policial administrativo vai ceder e depois sentar, eventualmente, no banco dos réus caso haja "mau uso" do documento?
Marcony pode muito bem dizer: - Cada policial militar que cuide de sua vida e adote medidas para evitar que isso aconteça!
Mas, sabemos que não é bem assim!
O pessoal do expediente administrativo está em polvorosa. Sabemos que, praticamente todos os dias, esses nossos colegas imprimem BGO’s para anexar a requerimentos ou outros documentos de caráter interno dos demais colegas. Se uma dessas cópias de BGO vaza para a imprensa, quem será punido, perseguido ou sentará na sexta vara?
Marcony, sabemos sua verdadeira intenção: evitar a realização de denúncias e blindar sua permanência no comando da Polícia Militar. Vá procurar o que fazer e resolva o que realmente interessa: dar condições dignas de trabalho e de valorização da sua tropa!
JORGE VIEIRA DA CRUZ
Sargento da reserva, mais um veterano
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