Em abril de 2016 tomei uma das decisões mais difíceis da minha vida. Como todos sabem, fui eleito primeiro suplente de vereador em Aracaju. Nesta data, o então vereador Dr Agnaldo afastou-se da Câmara para poder exercer o cargo de Secretário Municipal da Saúde de Aracaju.
Fiquei temeroso em assumir o mandato, pois já sabia que se o fizesse, devido à previsão legal, seria transferido para a reserva remunerada com apenas 20 anos de contribuição previdenciária realizada.
Não conhecia o Dr. Agnaldo, nem fiz conchavo com nenhum político acerca dessa situação. Acabei acreditando na palavra do referido vereador que havia se manifestado na imprensa alegando não retornar mais à Câmara de Vereadores.
Fato interessante, que merece registro, foi o assédio de vários políticos tendo me procurado para que eu não assumisse este mandato e passasse a vez para o segundo suplente. Houve até oferta pecuniária, caros amigos.
Como não gosto de maracutaia e buscando honrar os votos que obtive, assumi o mandato e ingressei na reserva remunerada. Passados 14 dias, não sei por que motivo, Dr Agnaldo deixou a Secretaria da Saúde e retornou à Câmara de Vereadores.
Vocês não podem imaginar como me senti ao ser tratado de forma descartável por ter acreditado na palavra de políticos profissionais. Perdi um terço dos meus vencimentos salariais e não tenho, no momento, perspectivas de voltar para o serviço ativo da Polícia Militar. Se tivesse refutado o cargo de vereador, já estaria próximo de ser subtenente com vencimentos integrais. Porém, falou mais alto no meu peito o compromisso com o meu eleitorado.
Ingressei em estado de depressão. Porém, nesse momento terrível, a fé em Deus e o apoio da minha família foram primordiais para que alcançasse a cura e estivesse restabelecido na luta pela categoria.
Espero que o atual Congresso Nacional, hoje constituído por diversos militares e policiais, elabore e aprove uma Proposta de Emenda Constitucional que acabe com esse mecanismo perverso e discriminatório de o militar não poder retornar ao serviço ativo após o cumprimento de seu mandato. Toda e qualquer categoria de servidor/empregado público civil tem esse direito. Por que esse tratamento de cidadão de segunda classe à única categoria que defende à sociedade com o sacrifício da própria vida?
Fonte: https://blogdosargentovieira.blogspot.com/2019/02/policial-militar-cidadao-de-segunda.html?m=1
Nenhum comentário:
Postar um comentário