Cruzamento das digitais da autora do crime possibilitou a identificação, após 20 anos
Quase 20 anos depois de matar um policial militar com o qual tinha um relacionamento, uma mulher foi presa em flagrante no Guarujá (SP) com documentação falsa. Segundo informações da Polícia Civil de São Paulo, ela admitiu ter matado o policial e disse que tinha convicção que nunca seria pega por conta da mudança de documentos.
Na versão dela, o casal brigava muito e em um desses conflitos (em 1998) o policial, que tinha relacionamento com ela, a ameaçou, dizendo que iria matá-la. Segundo ela, após a ameaça, pegou o revólver dele e o matou com vários tiros.
O crime prescreveria em 18 de novembro deste ano, mas a atuação das equipes de identificação e policiais possibilitou que o homicídio pudesse ser elucidado.
Mudança na documentação
Após o crime, a mulher se mudou para São Paulo e utilizou a certidão verdadeira da irmã, de Sergipe, e com ela conseguiu retirar novos documentos naquele estado, onde casou novamente. Com um detalhe, o nome da irmã é Sandra, ela acrescentou algumas letras antes e passou a se chamar Alessandra da Conceição Souza. O nome verdadeiro dela é Shirleide Fernanda da Conceição Souza, com base no registro dela no Instituto de Identificação de Sergipe.
"Toda documentação chegou para nós e fizemos as pesquisas no sistema AFIS e vimos que ela estava utilizando nome diferente. Através de outras pesquisas nós pudemos apurar onde ela estaria. Duas hipóteses: Guarujá/SP ou Pataguassu/MS, que fica próximo à divisa com São Paulo. O trabalho realizado aqui teve todo um apoio do DHPP e do Instituto de Identificação, o êxito foi graças a esse apoio de vocês de Sergipe, a exemplo da Dra. Thereza Simony, do Jenilson, do Fábio e do Matheus. Participaram desta ação também o Delegado Queiroz, a investigadora Edna Doi, e os agentes Fábio Rocha Campos e Reginaldo Pinheiro Machado. Os dois últimos fizeram a prisão dela em flagrante porque ela estava portando documento falso e falsificação de documento público. Ela foi conduzida à Delegacia do Guarujá e autuada pelo Delegado Thiago Nemi Bonametti", afirmou o delegado e diretor do Instituto de Identificação da PC/SP, Caetano Paulo Filho.
"Foi realmente um trabalho interessante, muito boa e importante essa parceria entre São Paulo e Sergipe, isso por conta de um sistema de identificação integrado chamado AFIS. Com o qual não adianta o cara cometer um crime e fugir para outro estado, o cerco estará fechado, ele será descoberto de qualquer forma", explicou o delegado Queiroz, do Instituto de Identificação Ricardo Gumbleton Daunt, IIRGD de São Paulo.
O sistema de identificação
O AFIS (Automated Fingerprint Identification System) captura impressões digitais e permite processá-las estabelecendo um relacionamento entre as impressões e pessoas que tenham sido previamente cadastradas.
"Gostaria de destacar a importância dos convênios sobre o estado e a utilização desse sistema que é uma ferramenta bastante necessária e útil para nosso trabalho, é um grande passo social, um grande complemento para que a gente consiga inibir o crescimento da criminalidade", comentou o delegado Queiroz.
Como começou a investigação
No ano passado houve outro caso de homicídio na mesma família, no dia 24 de junho. Com base nisso, a terceira divisão do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) buscou a elucidação do crime de uma transexual, de nome social Denise, com apoio do Dipol. Que era irmã do policial morto por Shirleide em 1998.
Este crime foi elucidado no mês passado. E, paralelo a ele, os policiais civis retomaram a investigação do homicídio de Augusto César Melo, que tinha 26 anos. Ele era lotado na Companhia de Policiamento Rodoviário (CPRV).
O crime aconteceu em frente à casa de Shirleide, na Av. Euclides Figueiredo, no Bairro Lamarão, no dia 1° de janeiro 1998.
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