O gerente de um posto de combustíveis Edson da Costa Fagundes, 56, passava com seu veículo por uma rua erma no município de Poço Redondo, no alto sertão de Sergipe, em 11 de setembro do ano passado, quando foi surpreendido por um jovem armado que anunciou um assalto. Diante de sua reação, o criminoso efetuou um disparo fatal.
Cinco dias depois, o vigilante Fernando Freire Bastos, 25, foi executado enquanto trabalhava em uma fábrica na cidade de Neópolis, no norte sergipano, quando tentou abordar três criminosos que tinham acabado de roubar um casal.
Quase um mês adiante, José Luiz Franca dos Santos, 46 , foi morto no momento em que chegava a uma agência bancária na zona Oeste de Aracaju para realizar um depósito de cerca de R$ 100 mil.
E no dia 7 de novembro passado, o motorista Herbert Dias dos Santos, 30, foi alvejado por disparos de arma de fogo durante um assalto na BR 101, na região metropolitana de Aracaju. Três dias depois ele faleceu no Hospital de Urgências de Sergipe (Huse).
Eles não se conheciam, mas no ano passado suas vidas se cruzaram numa estatística que não para de crescer em Sergipe, a dos casos de latrocínio, os roubos com morte.
Segundo o relatório de mortes violentas registradas ao longo de 2017 pela Secretaria da Segurança Pública (SSP), os assassinatos cometidos durante o ato do roubo ou em consequência dele cresceram cerca de 15% em três anos.
No ano passado, por exemplo, ocorreu, em média, uma ação criminosa desse tipo por semana no estado. E de acordo com a análise do Centro de Estatística da SSP, a maior concentração de casos (cerca de 80%) está no interior sergipano.
Sem freio
O latrocínio tem punição pesada prevista no artigo 157 do Código Penal. A pena de prisão é de 20 a 30 anos, o máximo permitido pela lei brasileira. Ainda assim, os bandidos não têm se desencorajado.
No Brasil, conforme o último levantamento do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, esse crime subiu 57,8% em sete anos. Em 2016, houve 2,5 mil registros ou sete casos por dia.
Para especialistas, a alta generalizada tem relação direta com a crise econômica que o país enfrenta. Sem recursos, muitos Estados reduziram os investimentos em estrutura e pessoal nos últimos anos.
“O roubo produz uma sensação de insegurança ligada ao cerceamento da liberdade de ir e vir, levando as pessoas a mudarem hábitos. Com o latrocínio, esse sentimento é agravado, pois há violência letal”, afirmou o diretor executivo do Instituto Sou da Paz, Ivan Marques, ao Estadão, associando o fenômeno ao crescimento dos crimes patrimoniais.
Médio Prazo
A delegada-geral da Polícia Civil de Sergipe, Katarina Feitosa, reconhece que é preciso ligar o alerta para esse tipo de ação criminosa e diz que uma unidade especializada para investigar latrocínios já foi implantada no Departamento de Proteção a Crimes contra o Patrimônio (Depatri).
“Nenhuma semente plantada floresce imediatamente, mas esperamos colher os resultados porque com uma unidade específica trabalhando nesse foco, poderemos melhorar esses índices”, disse Feitosa, acrescentando que a atuação do Depatri abrange apenas os sete municípios da região metropolitana da capital.
Fonte: F5 News (Will Rodriguez)
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