terça-feira, 7 de fevereiro de 2017

PRESÍDIO DE SERGIPE COM MAIOR POPULAÇÃO CARCERÁRIA TEM SEGURANÇA PRECÁRIA.

Secretária de Justiça confirma que, das 12 guaritas, apenas 2 funcionam.
Segundo sindicato, 2.710 presos ocupam espaço para 800.



Responsável por abrigar quase 60% da população carcerária de Sergipe, o Complexo Penitenciário Dr. Manoel Carvalho Neto (Copemcan), em São Cristóvão (SE), tem segurança precária, com apenas duas das 12 guaritas funcionando. A informação foi confirmada pela Secretaria da Justiça (Sejuc) e pelo Sindicato do Agentes Penitenciários de Sergipe (Sindipen), que disse ainda que nem sempre as duas unidades são ativadas.

Em meio à crise nos presídios, o G1 publica reportagens sobre a situação de algumas das piores penitenciárias do país, de acordo com inspeções realizadas por juízes e divulgadas em relatório do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

O Copemcan é um desses casos. Em cinco pavilhões, 2.710 presos ocupam o espaço feito para 800. De acordo com dados do Sindipen, as celas que deveriam abrigar oito internos são divididas por até 30 homens. No mesmo local, assassinos convivem com presos condenados por crimes de menor potencial.

As mais de 200 fugas, 82 mortes, entre violentas e naturais, e uma rebelião em 2016 comprovam as fragilidades da segurança do Copemcan. Algumas das grades foram serradas em fugas e há trancas em péssimo estado.

"Temos um baixo efetivo, equipamentos inadequados e 10 das 12 guaritas de segurança desativadas. É um verdadeiro colapso. A situação só não é pior porque os pavilhões possuem uma boa distância entre eles”, afirmou Luciano Nery, agente penitenciário no local e presidente do Sindpen.

Segundo ele, até enfermaria está superlotada, porque recebe presos de todos os presídios do estado. O coordenador de Saúde Sejuc, Thiago Rodrigues, diz que atualmente a enfermaria possui 46 presos, todos do Compecan, e que não existe a transferência de presos para o local somente para tratamento médico.

Maioria das guaritas do Compecan esão desativadas (Foto: Reprodução/TV Sergipe)

Recentemente, a unidade de Sergipe da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-SE) pediu ao Supremo Tribunal de Justiça (STJ) para que o presídio volte a ser interditado e não receba mais detentos.

A interdição já havia sido concedida em agosto de 2016, em virtude da superlotação. Mas em dezembro o STJ acatou um pedido do governo do estado e decidiu suspender a liminar por três meses. Depois desse período, o governo terá que apresentar um relatório sobre medidas para o aumento da capacidade carcerária do local.

Trancas estão em péssimo estado (Foto: Sindipen)

Situação dos presos

Os agentes penitenciários afirmam que a ressocialização é inexistente no local. “Aqui é um depósito de gente. Os presos deveriam estar trabalhando para ajudar suas famílias e até as de suas vítimas. O Copemcan é o único presídio do estado que possui oficina para os presos, mas o local é ocupado por arquivos e outras atividades administrativas”, disse um dos agentes, que prefere não ser identificado.
Além dos problemas estruturais, funcionários dizem que pelo menos 20 presos estão com tuberculose e continuam misturados aos demais. “Esse número pode ser ainda maior quando for concluído um relatório sobre a saúde dos presos”, afirmou Luciano Nery. 

Apesar de todos os problemas, o Sindipen diz que consegue manter a rotina dos presos dentro da normalidade com distribuição das refeições regularmente, banho de sol e visita de familiares.

Situação das celas é precária (Foto: Sindipen)

O que diz o governo

A Sejuc afirma que a direção da unidade tem conversado com familiares e internos do Copemcan, para buscar melhorar as condições do local.

Há a expectativa de que em fevereiro seja retomado um projeto com uma empresa de duchas, onde os internos trabalhavam e recebiam salário. Atualmente, alguns presos trabalham na limpeza e na cozinha do Compecan.

Quanto às guaritas, a Sejuc afirmou que das 12 existentes duas estão sendo ocupadas por agentes penitenciários.

Sobre a denúncia de que existem presos com tuberculose misturados aos demais, a Sejuc informou que esses detentos já foram medicados e, por isso, não oferecem perigo de contaminação.

Ainda de acordo com a Sejuc, em breve policiais do Batalhão Especial de Segurança Patrimonial da Polícia Militar (Besp) estarão trabalhando nas guaritas. No entanto, a data não foi definida.

Lixo ocupada vários pontos do presídio (Foto: Sindipen)

Grades foram serradas durante tentativa de fuga (Foto: Sindipen)

Fonte: G1 SE

Postado por ESPAÇO MILITAR

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